sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A Ufologia Brasileira novamente enlutada, desta vez pela partida de Roberto A. Beck



Na manhã desta quarta-feira, 14 de dezembro de 2011, a equipe da Revista UFO foi tristemente surpreendida pelo aviso de falecimento de outro grande pioneiro da Ufologia Nacional, que pesquisava o Fenômeno UFO e a presença alienígena na Terra ininterruptamente desde 1957. Infelizmente, informamos a passagem de Roberto Affonso Beck, presidente da decana Entidade Brasileira de Estudos Extraterrestres (EBE-ET) e, sem dúvida, um dos símbolos da história de toda a Ufologia. 



O velório será nesta quinta-feira (15), das 11h00 às 17h00 na capela 6 do Cemitério Campo da Boa Esperança, em Brasilia. O corpo será cremado no sábado pela manhã, em Valparaíso


Beck nasceu na cidade de Resende (RJ), em 14 de março de 1934, tendo iniciado vigílias e pesquisas de campo a partir de 1968, quando já morava em Brasília (DF). É considerado um dos mais experientes pesquisadores nessa área, acumulando mais de 1.200 delas, um recorde absoluto. Ainda encontrava forças para realizá-las com relativa facilidade e nunca deixou de fazer suas próprias investigações in loco. A EBE-ET, com sede em Brasília, ele registrou em 1995, apesar do grupo já vir atuando desde 1968. Foi consultor da Revista UFO desde sua fundação e também um dos membros fundadores da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), entidades das quais participou até meados de 2009. 


Alegre, expansivo e assíduo freqüentador das listas de discussões ufológicas na internet - quando não estava pesquisando -, vez por outra costumava contar trechos de suas aventuras pelos mais diversos recantos ermos deste nosso país, fatos que descreveu com maestria em sua obra Ufologia à Luz dos Fatos [Biblioteca UFO, 2006]. Respeitado e muito querido, era considerado carinhosamente pelos seus pares, amigos e familiares como "dinossauro da Ufologia", por ser um batalhador incansável em busca da verdade que, segundo o próprio, "só não vê quem não quer".


Beck foi parceiro de pesquisas do saudoso general Alfredo Moacyr de Mendonça Uchôa (general Uchôa) e com ele fez surpreendentes descobertas sobre UFOs e ETs no Distrito Federal.




"Roberto Affonso Beck foi integrante da Equipe UFO desde o começo, tendo ocupado várias posições nela e ajudado seu desenvolvimento das mais variadas formas, sempre à disposição para o que dele se precisasse. Excepcional investigador de campo, verdadeiro pioneiro da Ufologia Brasileira, homem íntegro e sincero, escreveu vários artigos para a Revista UFO e outros canais, tendo deixado para nós um livro que reflete seus pensamentos sobre o assunto. Apesar de estar desligado do Conselho Editorial da publicação há dois anos, e afastado até mesmo da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), da qual foi parte integrante e muito ativo, enviamos nossas mais sinceras condolências para a família, sua esposa Jerônima e seus filhos Roberta e Affonso. A Ufologia Nacional tem uma dívida com Roberto Beck por suas atividades produtivas e incansáveis, e a Revista UFO tem outra por sua contribuição inestimável ao seu estabelecimento e crescimento", declarou o editor A. J. Gevaerd. 


"Roberto Beck, além de nosso parceiro na campanha pelo fim do acobertamento militar e na busca da verdade em relação ao Fenômeno UFO [Campanha UFOs: Liberdade de Informação Já], sempre foi uma figura de destaque na Ufologia Brasileira. Mais do que isto: fez parte de um dos momentos mais memoráveis da história da investigação ufológica em nosso país, quando participou ativamente do grupo do hoje saudoso general Moacyr de Mendonça Uchôa durante os contatos mantidos na Fazenda Vale do Rio do Ouro em Alexânia, Goiás. Sentimos muito sua partida nesse momento", disse o co-editor de UFO Marco. A. Petit. 


"Conheci pouco o Beck, mas o que mais me lembro dele, e que muito me comovia, era o carinho e respeito com que ele falava do amigo e companheiro de Ufologia, o general Uchoa. Foi através dos livros do general que tive um de meus primeiros contatos com o tema. Ouvindo o Beck falar dele, era como se o tivesse conhecido pessoalmente. Espero que os dois amigos possam se reencontrar agora", desejou o consultor da UFO Marcos Malvezzi Leal.

"Acabo de receber a triste notícia de que meu "pai" na Ufologia faleceu. Roberto Beck foi um dos maiores ufólogos do Brasil. Em 1997, durante o I Forum Mundial de Ufologia realizado em Brasilia, eu tive a honra de assistir a sua palestra e conhecê-lo pessoalmente. A partir daí nossa amizade cresceu. Fiz parte da EBE-ET por quase 15 anos à convide dele. 'Beckão' sempre me dizia que eu era seu filho postiço, meu carinho por ele sempre foi grande, me ensinou muito, mesmo quando discordávamos de opinião ou do seu temperamento forte. Suas histórias, as vigílias (fez mais de 1200!) e suas experiências sempre foram ouvidas com atenção, pois ele sabia das coisas. Quem o conhecia perdeu um amigo, a familia perdeu um ente amado, e eu perdi meu pai na Ufologia", lamentou emocionado o coordenador internacional Thiago L. Ticchetti. 

"O Beck foi para mim um grande orientador na Ufologia, seja me passando dicas, seja me contando as histórias das quais vivenciou. Trocamos muitas mensagens a respeito de filmagens que ele fez. Sempre foi muito lúcido e acertivo em suas colocações. Sentirei muitas saudades até o nosso reencontro do 'lado de lá'. Estimado Beck, já que chegou aí antes de nós, te peço para que já vá fazendo pesquisas ufológicas, para nos repassar quando aí chegarmos também!", disse o conselheiro especial Inajar A. Kurowski.

"Pessoa e pesquisador insubstituível. Lamento muito e registro meus sentimentos aos amigos e familiares. Estive com o Beck em Riolândia (2008) e realizamos vigília juntos, na noite em que tive dois avistamentos legítimos de UFOs – uma nave e uma sonda", relembrou o consultor Paulo Poian. 

"2011... Um ano de muita tristeza, com grandes perdas para a Ufologia Nacional e Internacional. Roberto Beck era um de seus pioneiros e um dos poucos defensores e praticantes da verdadeira pesquisa de campo. De temperamento forte, mas de um enorme coração. Seu trabalho ficou registrado para a eternidade", discorreu o consultor Wallacy Albino.

"Acompanhamos a Comunidade Ufológica Brasileira, o profundo pesar pela partida do colega Roberto Beck, excepcional investigador de campo e pioneiro da pesquisa brasilera. Sem dúvida deixou sua marca, que indicará o caminho para futuras gerações de ufólogos". (Andrea e Silvia Pérez Simondini, do grupo Visión Ovni e consultoras da UFO)

Muitas outras mensagens foram recebidas, demonstrando o merecido carinho e a admiração conquistada pelo pesquisador. É a homenagem que a Equipe UFO presta a um de seus símbolos eternos.



Abaixo, trecho de umas das últimas entrevistas concedidas pelo ufólogo, quando então residia em João Pessoa (PB):



Inteligências controlam as sondas


A Ufologia é uma área em constante renovação, especialmente porque atrai muitos jovens que, entusiasmados com o assunto, lançam-se a pesquisá-lo. Desde que surgiram as atividades mundiais de investigação ufológica, em 1947, três gerações se sucederam no setor. A terceira delas é composta principalmente por estes novatos, que convivem harmonicamente com as anteriores. Entre estas, há poucos representantes ainda vivos da primeira geração – e menos ainda os que estão até hoje em atividade. Um contemporâneo destes ufólogos e igualmente pioneiro é o incansável "buscador de respostas" e "caçador de sondas", como ele próprio se descreve. Trata-se de Roberto Affonso Beck, um fluminense de Resende que viveu em Brasília (DF) desde sua fundação e depois de aposentado morou em João Pessoa (PB), retornando em seguida à Capital Federal. 

Realizou mais de 1.000 vigílias e investigações in loco, resultando em dezenas de contatos diretos com sondas. Na Paraíba, Beck promete fazer pesquisas ainda mais aprofundadas, num estado que é reconhecido por sua vasta casuística. Ninguém duvida que consiga. "A diversidade do Fenômeno UFO aqui é imensa e há muito trabalho a fazer", diz o ufólogo, que está se aliando aos ufólogos paraibanos em sua empreitada. 

Quais foram os casos mais impressionantes que você pesquisou em sua longa temporada em Brasília?

Inegavelmente, foram os acontecimentos de Alexânia (GO), ocorridos entre 1968 e 1975, na Fazenda Vale do Rio do Ouro. Os fatos eram tão intensos que, por vezes, era possível aos espectadores observar ao mesmo tempo o movimento de três ou 4 sondas ufológicas, deslocando-se pelo local. Tais ocorrências eram registradas não só na fazenda, de propriedade do senhor Wilson Plácido de Gusmão, mas também em toda a região compreendida entre as cidades de Olhos D'Água e Corumbá de Goiás, onde pudemos também observar os mesmos objetos enquanto dirigíamos à noite por estradas de terra, nem sempre em condições apropriadas. Eram bolas de luzes que variavam de cor e se deslocavam a diversas altitudes, aumentando e diminuindo de tamanho. Noutras oportunidades, as sondas nos contornavam como se estivessem nos observando. Também é importante notar que não era necessário qualquer tipo de "invocações" para atrair os UFOs – embora eu não seja contra esses procedimentos. Parece que a inteligência que operava aqueles objetos pouco ligava para as condições do local ou mesmo a situação climática. Houve ocasiões em que, enquanto nós assávamos um churrasquinho improvisado, tais bolas de luz se aproximavam da mesma forma da gente, sem problema.



Como você interpreta a ação daquilo que chamou de "inteligência que operava os objetos"? O que pretendiam e por que estavam naquele local? 

Primeiro, muitas pessoas apreciavam o fenômeno juntas e quase sempre eu estava entre elas. Mas, noutras tantas oportunidades, pude presenciá-lo sozinho, uma vez que minha constância no local era intensa. Eu chegava a ir de três a 4 vezes por semana, apesar de ainda estar trabalhando no guichê da Caixa Econômica Federal, onde era caixa executivo. Além disso, alguns companheiros não podiam e não tinham o pique necessários para me acompanhar nas vigílias. Em certas ocasiões, saía direto da fazenda para a Caixa. Nem ia para casa. Noutras, fiz experiências solicitando que as tais inteligências respondessem aos meus sinais de lanternas, e fui atendido, mantendo assim um tipo de diálogo muito curto com aquelas luzes. Eram curtos porque não se completavam nem se definiam, como se "eles" não quisessem deixar-nos conhecê-los melhor. 



E sabe como eram realizados tais diálogos? 



De forma bem simples: eu estabelecia mentalmente ou em voz alta que, ao piscar duas vezes, eles fizessem o mesmo. E a luz fazia o mesmo! Se pedisse que piscassem uma vez, elas obedeciam, e assim por diante... Mas quando eu estabelecia que uma piscadela representaria sim e duas não, na tentativa de manter uma conversação, as luzes simplesmente desapareciam. Logo, cheguei à conclusão lógica de que, realmente, havia uma inteligência por trás daqueles objetos, mas que não desejava entrar em detalhes quanto à sua presença no local. Assim, ficamos sem saber qual era seu interesse por aquela área e o que pretendiam.


O ufólogo e co-editor da UFO Marco A. Petit também falou muito de sondas que ele documentou na Serra da Beleza (RJ). Você acredita que as sondas que ele descreveu e as que você contatou são idênticas e teriam a mesma origem? Mas qual seria seu verdadeiro propósito? 

Olha, aí está uma das grandes incógnitas da Ufologia. Podem ser ou não, porque várias são suas origens, como são também as dos seres que as manipulam. Raciocinando de maneira lógica, nos parece que num universo onde haja mais de 400 bilhões de galáxias deve existir pelo menos uma percentagem de planetas habitados por seres inteligentes. Se esta pequena parte deles estiver explorando outros planetas, e muitos acharem a Terra, então teremos uma multiplicidade de objetivos por trás da ação desses visitantes. Segundo o comportamento das sondas, suas manifestações luminosas e formato, pode-se apenas especular se são ou não da mesma origem. Pois seria preciso uma maior troca de informações entre todos os pesquisadores para que se realizassem estudos comparativos precisos. Agora, quanto aos propósitos das inteligências que operam as sondas, está tudo na área das suposições. Creio que só saberemos depois que resolverem vir bater um papo conosco.


Como um pioneiro que começou suas investigações há mais de cinco décadas, de que forma você avalia o estado da Ufologia Brasileira hoje? 

Creio que houve um progresso relativo, pelo menos no que concerne à aceitação do assunto UFO pelo público, que já não nos trata mais como loucos. Ou nem tanto quanto antes... Lembro que nos anos 50 e 60 a ironia era tamanha com relação a quem pesquisasse o assunto, que estes perdiam seus empregos, casais se separavam, amigos se afastavam etc. Enfim, era a demonstração cabal do atraso mental em que se encontrava a sociedade na época. Mas quanto à atual situação das pesquisas, estas parecem que estão mesmo estagnadas, e variados fatores têm contribuído para isso. Os desentendimentos entre ufólogos estão entre os problemas mais graves. Parece haver uma necessidade de auto-afirmação por parte de alguns membros da Comunidade Ufológica Brasileira, que se sentem esquecidos pela mídia. Alguns ufólogos chegam a sonegar os resultados de suas pesquisas aos seus colegas, com medo de que se apropriem delas e se promovam às suas custas, o que é lamentável. Estas coisas acontecem mesmo e temos de ser realistas. É preciso uma verdadeira revolução na referida comunidade, para mudarmos nossos conceitos e procedimentos. O ufólogo, para ser completo, precisa ser humilde e saber doar sem esperar recompensa de qualquer natureza. Só assim, talvez, a Ufologia descole deste ranço de mediocridade em que está. Nós somos os próprios culpados por isso, mas cada um de nós deve fazer sua parte nessa transformação. Cada um tem que tomar consciência dessas coisas e refazer seu caminho!


Após mais de 50 anos de pesquisas, sua busca de respostas está concluída? Você já sabe o que queria saber sobre o Fenômeno UFO ou ainda há algo que esteja procurando? 



Após todo esse tempo, cheguei à conclusão de que quase nada está respondido e que devemos continuar buscando e renovando sempre o ânimo, sem sermos influenciados pelos exemplos que ficaram no meio do caminho e que se entregaram à frustração, por não conseguirem alcançar seus objetivos, ou seja, respostas imediatas. Trabalhar, trabalhar e trabalhar – esta é a ordem, se quisermos que a verdade seja do conhecimento da humanidade!


Fonte: Revista Ufo